SKYLODGE: O Hotel Peruano Suspenso Contra uma Montanha, Perfeito para Viajantes Aventureiros
Conheça o hotel peruano que está localizado a quase 400 metros de altura, suspenso contra as paredes de uma montanha. Para chegar lá, basta escalar!
Acordei com a luz do sol se chocando contra meus olhos, logo ao amanhecer. Quando olhei para trás, através das janelas do meu cubículo suspenso contra uma parede de pedra, pude ver parte do vale sagrado. As montanhas cobertas de neve decoravam o fundo do horizonte, como aquele papel de parede detalhado que embeleza as telas dos nossos computadores— assim começou meu dia no hotel Skylodge Adventure Suites.
Mas vamos por partes.
Quando chegamos à base do hotel no dia anterior, por volta das quatro da tarde, fomos introduzidos ao conceito completo do que é o Skylodge Adventure Suites, conhecido como o hotel de um milhão de estrelas. A equipe que nos recebeu era composta por três membros, que seriam responsáveis por nos levar até nossos quartos, em uma jornada ‘tranquila’ de escalada, percorrendo 400 metros contra as paredes de pedra.
O percurso que nos levaria até o topo se chama Via Ferrata, a ‘estrada de ferro,’ que foi construída anos antes do hotel. No começo, viajantes em busca de adrenalina e aventura vinham até Ollantaytambo para escalar por este caminho, descendo depois por um set de 6 tirolesas que te levam de volta à base.
Hoje, ainda é possível percorrer apenas este trajeto, sem a necessidade de se hospedar no hotel. Mas para os que buscam uma experiência ainda mais completa, o Skylodge é o diferencial.
Com todo o equipamento posto e instruções de segurança meticulosamente explicadas, começamos nossa escalada. No caminho, Brian, um dos membros da equipe que nos guiava, me explicou que já recebeu todo tipo de cliente: desde um senhor de 80 anos a um menino de 6 e até um homem cego. O caminho é tão perfeitamente traçado e seguro, que qualquer um é capaz de escalá-lo.
Com um passo de cada vez, fui pouco a pouco me afastando do solo. As barras de ferro nos permitiam escalar com facilidade, e em poucos momentos tivemos que realmente agarrar-nos às pedras do paredão para subir. Em uma parte do percurso, atravessamos uma “ponte de corda,” onde você ficava frente a frente com a imensidão do horizonte enquanto dava passos laterais para chegar ao outro lado.
Depois de um pouco mais de uma hora de escalada, finalmente chegamos ao casulo (ou pod, em inglês) do restaurante, onde nos sentamos nas mesas redondas para jantar. Os mesmos membros da equipe que escalaram conosco foram os chefs da noite.
O resultado?
Um menu de 4 pratos, começando com uma sopa de abóbora com granola salgada, uma salada com molho de mel/mostarda, e suculentos medalhões de frango com batatas assadas. De sobremesa, cubos de manga extremamente doces, e um doce de quinoa no centro.
Com taças de vinho nas mãos, conversamos com a família de australianos que nos acompanhava na jornada. O hotel é composto por 3 pods, cada um capaz de abrigar 4 pessoas, ou seja, 12 hóspedes por noite no máximo. Às vezes, quando três viajantes solo reservam o hotel, a equipe atende somente estes três indivíduos, com a mesma excelência e precisão de sempre.
Após o jantar, cada grupo escalou novamente até seus respectivos pods, para uma merecida noite de sono profundo. Os pods são cubículos de vidro que ficam suspensos contra a parede da montanha, a 400 metros de altura. Os cabos e estruturas que os seguram são capazes de sustentar 10 toneladas de peso— eu e Rafael (meu namorado e acompanhante de aventuras) juntos, somado a tudo que tinha lá dentro, não chegávamos a nem 2 toneladas.
O quarto era pequeno, ideal para este tipo de aventura. Uma jarra com água fervendo nos esperava lá dentro, com uma seleção variada de chás para nos esquentarmos. A cama era macia e aconchegante, com travesseiros e cobertores de alta qualidade.
No banheiro, tínhamos que urinar em um penico e logo jogar o líquido por um compartimento ao lado. Para o número dois, tínhamos sacos que deveriam ser amarrados e despejados pelo tubo dentro da privada.
Cortinas eram capazes de tapar todas as paredes do pod, que era quase inteiramente transparente, expondo as estrelas no céu. Lá fora, conseguimos escutar o vento se chocando contra o pod, que se mantinha parado, sem nenhum movimento qualquer.
Antes de dormir, abrimos a cortina do teto e ficamos deitados observando as estrelas. Há noites onde se pode ver a via láctea cortando o céu escuro.
Na manhã seguinte, nos despertamos por volta das 6:30, e Brian nos guiou de volta para o pod do restaurante. Para escaladores mais experientes e corajosos, este percurso pode ser feito sozinho. Porém, para hóspedes com um pouco mais de dificuldade ou medo (como era meu caso), os membros da equipe estão sempre disponíveis para nos guiar a cada passo.
A curta escalada lateral de menos de 5 minutos nos levou ao café da manhã, onde seríamos acolhidos com xícaras de café quente, iogurte, granola, geleia, mel, salada de frutas, pães locais, ovos mexidos, queijo e presunto.
Tivemos logo uma hora de descanso em nossos pods, o tempo ideal para apreciar a vista e ler um livro com uma xícara de chá. Logo, escalamos pelos últimos 10 minutos, onde chegamos ao ponto de descida.
A descida é feita por tirolesas: são 6 no total, que correm pelas paredes da montanha e nos levam de volta à base do hotel. Aqui, novamente, os processos de segurança foram explicados, e todos nos preparamos para percorrer o caminho de volta para casa.
Voando com velocidade, pendurada nas cordas da tirolesa, podia apreciar a vista ao meu redor— as montanhas cobertas de neve no horizonte, o verde amarelado do vale sagrado, e as árvores e vegetação que pouco a pouco voltavam a tomar conta das paredes da montanha que escalamos.
Lá embaixo, nos abraçamos todos e agradecemos pela experiência que foi a noite no Skylodge. O hotel é a combinação ideal entre luxo e aventura, perfeito para quem quer sentir uma dose extra de adrenalina no sangue, dormir abaixo das estrelas, e ter uma experiência verdadeiramente única na vida. Se recomenda reservar com antecedência, já que existem poucas vagas e a capacidade do local é reduzida.
O hotel é o destino ideal para aqueles que estão voltando para Cusco desde Machu Picchu ou alguma outra aventura no Vale Sagrado, e querem uma dose luxuosa de aventura, que sempre cai bem.